terça-feira, 16 de agosto de 2011

CONCEITOS PRÉ-ESTABELECIDOS E JUÍZO MORAL: UM RETROCESSO NO “SER” HUMANO.



Depois de alguns meses sem postar nada por aqui... Volto com uma reflexão e observação a cerca de nossa postura frente ao outro e ao desconhecido. Em minhas visitas e pesquisas a sites e redes sociais da internet, assim também, como em minha prática Psi, tenho observado o quanto às pessoas tentam o tempo todo enquadrar uns aos outros em um padrão. Você pode estar se perguntando ou me perguntando, como assim? O que você estar querendo dizer? Eu estou afirmando, que há uma manifestação aparentemente sutil, mas a priori frequente de manipulação do pensar e do agir do humano. São regras e conceitos individuais que tem a pretensão de estar a serviço do coletivo. São conceito de bem e de mal, de certo e errado.
Quem ousa fugir daquilo que estar inscrito no que se acredita ser “normal” é visto de forma grotesca, e eis que paira a rejeição plena sobre este ser. Ou as pessoas seguem os pré-conceitos estabelecidos ou simplesmente não se enquadram no “ser-humano”.
O desconhecido assusta e amedronta de tal forma, que é preferível fazer juízo de valor a acerca de um comportamento, de uma atitude ou de certa “estranheza”, do que a aceitação. É um absurdo, as pessoas serem julgadas, rejeitadas e massacradas por terem atitudes, pensamentos e comportamentos que apenas são diferentes do que alguns consideram moral, certo, bom...
A sensação é que o tempo todo se vive para o outro. O que o outro vai pensar?  É um aprisionamento total de um viés que não pertence ao todo, mas que outrora, se instala na vida de um todo.
Se fulano tem uma opção sexual diferente da minha ele não serve, se alguém decide que não quer casar, que não quer ter filhos... Ou simplesmente, se alguém decide viver a vida de forma plena e livre, logo vem o tal juízo de valor moral, para execrar o camarada.  O discurso já sai da seguinte forma: “isto é um porralouca”, não quer nada com vida, vagabundo, safado... E por ai vai.
É preciso ter uma visão ampliada, assim como a visão de águia, para além. Uma atenção redobrada. Para não cair nessa armadilha de que o outro tem que agir da forma que eu estabeleço com correto.  Ou de não se deixar cair nessa teia aprisionadora de que eu tenho que ser o que o outro idealizou para minha vida.
Ser humano, é ser sujeito de desejo, é ser livre, é ter autonomia, direito de escolhas, é ser responsável por estas escolhas. É poder errar e acertar, é poder cair e levantar. É seguir o que se julga necessário de forma muito pessoal, individual e singular. Lembrando sempre de que aquilo que me pertence e me cabe, não caberá necessariamente há mais ninguém. Não adianta eu querer escrever a história do desconhecido baseado na minha história e nas experiências que vivenciei, cada qual, que desconstrua e construa sua própria vivencia enquanto humano.
Não estou afirmando aqui, que a moral, princípios e tudo mais, não sejam importantes.   A ordem se faz necessário! Mas a alienação, a coisificação do sujeito em visões, conceitos, preconceitos pessoais não é uma saída norteadora para o humano, ao contrário, pois impor este tipo de postura ao outro, ou até mesmo viver construindo os caminhos baseado na bussola alheia é andar desbussolado, vagando pelo vazio do existir. É retroceder como humano e viver castrado e reprimido.


POR  ROSEMARY SILVA